segunda-feira, 26 de março de 2012

ARTE ASURINI DO XINGU - PARTE I


foto:Acervo Museu do Índio

ARTE GRÁFICA E CERÂMICA

Os objetos utilitários nas sociedades indígenas são dotados de uma busca de perfeição estética, de acordo com estilos artísticos que as identificam, e podem ser entendidos como expressões de sua visão de mundo.

Os desenhos que decoram os objetos cerâmicos dos Asurini pertencem a um acervo quase ilimitado de grafismos que as artistas utilizam na decoração do corpo e de objetos da cultura material, em improvisações realizadas a partir de padrões geométricos.

As tendências de estilo que definem o desenho têm correspondência com um princípio estruturante da cosmologia Asurini: misturam domínios cósmicos através de abstrações como se, por exemplo, a mata e seus seres fossem vistos através de formas ligadas  ao sobrenatural. As variações: "galho da árvore jagiwa", "patas de jabuti", "base do enfeite labial", por exemplo, seguem o padrão tayngava, nome da figura antropomórfica usada nos rituais xamanísticos.

Este padrão expressa a noção de imagem, constitutiva da existência das coisas e do ser uno, vivente, possuidor do princípio vital ynga, cujo protótipo é o homem.

A tradução de tayngava é "imagem do ser humano" (t = possuidor humano; ayng = imagem + av(a) = sufixo formador de nome de circunstância).

Na sala 1 são exibidos 19 objetos cerâmicos coletados, em 1978 e 1979, para compor uma coleção destinada à aquisição pelo Museu do Índio, como parte de atividades desenvolvidas junto aos Asurini que visavam buscar alternativas de sustentabilidade econômica demandadas pela situação de contato recente.

Na ocasião, foram reunidos objetos utilizados no cotidiano e no ritual e outros confeccionados para esta finalidade, ou seja, formar um conjunto que apresentasse a diversidade de formas e usos correspondentes e a complexidade dos desenhos  geométricos da arte gráfica Asurini, de m odo a se enfatizar a dimensão estética e simbólica própria dos objetos cerâmicos deste povo.

Em 2007, numa iniciativa que retomava os princípios desta ação indigenista, as ceramistas Asurini foram incentivadas a manter qualidade técnica e artística tradicional para a produção  destinada ao comércio por revendedores  especializados, da qual são exibidos nesta exposição, seis exemplares.


Retirado do catálogo da exposição RITUAL DA IMAGEM/ARTE ASURINI DO XINGU /REGINA POLO MÜLLER/MUSEU DO ÍNDIO/FUNAI/2009

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